ATA DA TRIGÉSIMA QUINTA
SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 12-11-2002.
Aos doze dias do mês de
novembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e onze
minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Lauro Gomes Noguez, nos
termos do Projeto de Lei do Legislativo n° 047/02 (Processo nº 1119/02), à
entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao jornalista Antônio Carlos Macedo,
nos termos do Projeto de Resolução n° 020/02 (Processo n° 0033/02) e à entrega
do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta José Pedro Goulart, nos termos
do Projeto de Resolução n° 072/01 (Processo n° 3343/01), todos de autoria do
Vereador João Bosco Vaz. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, 2°
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o
Senhor Wilson Martins, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; o Senhor Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de
Porto Alegre; os Senhores João Lauro Gomes Noguez, Antônio Carlos Macedo e José
Pedro Goulart, Homenageados; o Vereador João Carlos Nedel, 1° Secretário da
Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a
execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador João Bosco Vaz, em nome das Bancadas do
PDT, PT, PTB, PHS, PPS e PFL, justificou os motivos que levaram Sua Excelência
a propor a concessão do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor
João Lauro Gomes Noguez, do Troféu Destaque Mário Quintana ao jornalista
Antônio Carlos Macedo e do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta José
Pedro Goulart, discorrendo sobre as atividades desempenhadas pelos Homenageados
em prol da sociedade porto-alegrense. O Vereador Fernando Záchia, em nome da
Bancada do PMDB, cumprimentou o Vereador João Bosco Vaz pela iniciativa das
homenagens hoje prestadas aos Senhores João Lauro Gomes Noguez, Antônio Carlos
Macedo e José Pedro Goulart, destacando a dedicação sempre demonstrada pelos
Homenageados no exercício de suas atividades em suas respectivas áreas profissionais
e afirmando que a presente solenidade representa o reconhecimento dos cidadãos
de Porto Alegre a Suas Senhorias. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da
Bancada do PPB, salientou a contribuição prestada pelos Senhores João Lauro
Gomes Noguez, Antônio Carlos Macedo e José Pedro Goulart à sociedade
porto-alegrense, através do exercício das suas atividades como Delegado de Polícia
Federal, jornalista e cineasta, afirmando que Suas Senhorias construíram sua
relação com a Cidade através do trabalho árduo, da força de vontade e da busca
do sucesso pela atuação responsável em suas respectivas profissões. A seguir, o
Senhor Presidente convidou o Vereador João Bosco Vaz a proceder à entrega do
Diploma e da Medalha alusivos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre
ao Senhor João Lauro Gomes Noguez, a proceder à entrega do Troféu Destaque
Mário Quintana ao jornalista Antônio Carlos Macedo e a proceder à entrega do
Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta José Pedro Goulart, concedendo a
palavra aos Homenageados, que agradeceram as honrarias recebidas. Após, o
Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino
Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e
declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e vinte e três minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol e
secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1°
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada à outorga do Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Sr. João Lauro Gomes Noguez; do Troféu Destaque Mário Quintana ao
Jornalista Antônio Carlos Macedo e do Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao
Cineasta José Pedro Goulart. Compõem a Mesa, além dos homenageados, o Sr.
Wilson Martins, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Dr.
Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Ouve-se
o Hino Nacional.)
Esta
Sessão Solene é revestida de grandes peculiaridades. O Ver. Fernando Záchia,
presente nos trabalhos e ex-Presidente da Casa, sabe que circunstância como
esta a Casa vive com muita freqüência, mas raros são os episódios em que a
sensibilidade de um dos integrantes deste Legislativo consegue, num só ato,
enaltecer três exemplos muito significativos para a cidade de Porto Alegre.
A
galeria de Cidadãos Honorários da Cidade fica, a partir de hoje, enriquecida,
com a integração de João Lauro Gomes Noguez a essa relação. Não sou eu, amigo
pessoal do Noguez, quem proclama. Quem proclama é a Lei, que foi devidamente
aprovada pela unanimidade da Casa. Mas, como eu disse, a sensibilidade do Ver.
João Bosco Vaz reúne nesta ocasião duas expressões das Comunicações no Estado.
De um lado, um cineasta, um homem de publicidade, um criador, e, de outro, um
comunicador da palavra direta, que é o nosso querido Macedão, reconhecidamente
um dos grandes valores das Comunicações do Estado, com sua atuação nos veículos
da RBS, nomeadamente na Rádio Gaúcha e na TVCOM.
O
Noguez, o Goulart e o Macedo formam um trio que dá uma dimensão muito especial,
Ver. Bosco, a esta homenagem que hoje, aqui, nós prestamos. Por isso, eu quero,
sem mais delongas, passar a palavra ao grande idealizador deste acontecimento,
a quem eu também presto a minha homenagem, o Ver. João Bosco Vaz, que, além de
proponente, tem a delegação de, nesta Sessão Solene, falar também pela Bancada
do seu Partido, o PDT, do Partido dos Trabalhadores, do Partido Trabalhista
Brasileiro, do Partido Humanista da Solidariedade e do Partido Popular
Socialista, e acrescento, neste momento, com a devida autorização do Líder do
meu Partido Ver Luiz Braz, a delegação do Partido da Frente Liberal.
O
Ver. João Bosco Vaz está com a palavra, como proponente desta homenagem.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente desta Sessão Solene, Ver.
Reginaldo Pujol, homenageados desta noite Antônio Carlos Macedo, Lauro Noguez,
José Pedro Goulart, companheiro Wilson Martins, representando o Sr. Prefeito
Municipal João Verle; Dr. Telmo Kruse, que sempre está conosco e que preside o
Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; familiares, convidados, esta homenagem
que propus não se trata de uma homenagem isolada. É a homenagem proposta por um
Vereador, com o apoio da unanimidade desta Casa, mas, no fundo, Zé Pedro,
Laurão e Macedo, é uma homenagem da cidade de Porto Alegre a todos vocês. É a
forma que Porto Alegre encontra, através da Câmara Municipal, de resgatar a
qualidade pessoal e profissional de cada um de vocês. Este é o foco: resgatar a
qualidade profissional e pessoal de cada um de vocês.
Sempre
que eu proponho alguma homenagem, ou recebo alguma homenagem, costumo dizer que
algumas homenagens tocam profundamente a nossa vaidade, outras tocam o nosso
coração, outras, talvez, a vaidade e o coração. Neste momento aqui as
homenagens que estou prestando tocam profundamente a minha vaidade por poder
reunir pessoas de representatividade da nossa sociedade, e me toca muito o
coração. Primeiro, porque há muitas coisas de família, Zé Pedro, muitas coisas
de profissional, Macedo, e muitas coisas, Laurão, da amizade do esporte; é
exatamente isso que a gente ganha quando a gente milita em determinados
segmentos da sociedade, quando a gente tenta liderar alguns segmentos ou quando
a gente faz parte e é liderado por alguém.
Há
pouco eu estava vendo a Lúdia, a irmã do Zé Pedro; os nossos pais são primos,
somos primos, crescemos juntos; o nosso outro primo, o Jorge, o Bicca. É Pena que o José Goulart, o pai de
vocês, não possa estar aqui, está doente; é pena que a Diva não possa estar
aqui, está hospitalizada.
Volto
um pouco para o nosso tempo, volto a Bagé, para a tia Luíza, para o tio Oscar,
a tia Anúncia, o tio Ginês, e vejo, Lúdia e Zé Pedro, o quanto o tempo passou,
o quanto crescemos e o quanto é verdadeira a história de que o fruto nunca cai
longe do pé. Vejam o Zé Pedro, liderando essa área de comunicação, como cineasta,
como Diretor-Presidente proprietário da maior e mais premiada produtora, a
Zeppelin, filho de um jornalista também consagrado. Está no sangue da nossa
família, e saio eu jornalista, como o pai de vocês, e saio político por outro
lado da nossa família, o do Celestino Goulart, tio de vocês, meu primo.
Então,
Zé Pedro, esta homenagem é de coração, sincera, e Porto Alegre reconhece essa
tua grandeza profissional, amiga, solidária, participativa e criativa acima de
tudo.
O
Laurão é um homem identificado com o esporte. Um homem que eu conheci, primeiro
jogando como zagueiro, depois como Superintendente da Polícia Federal. Tu
sabes, Laurão, que vivemos aqui numa casa política e quando alguém quer premiar
algum policial – os Vereadores Záchia e João Carlos Nedel podem confirmar – tem
a patrulha. Ele vão lá verificar a vida do policial, e tu não pensas que não
foste investigado aqui; foste investigado. Aí disseram-me: “Esse homem, mesmo
na época de chumbo da ditadura, foi um homem correto, um homem amigo, legal,
compreensivo e que sabia ouvir a todos aqueles que enfrentaram dificuldades.”
Mais do que isso, Laurão, a tua conduta pessoal, tua família, a demonstração de
amizade que tens dado, a tua paixão pelo Grêmio, a tua assessoria, o Presidente
Guerreiro. Todas essas coisas fazem parte da convivência social, do dia-a-dia.
Tudo isso esta Casa pesou no momento de ser aprovado esse Projeto.
Esta
Casa, muito antigamente, negou aqui o Título de Cidadão para o Falcão, cidadão
do mundo. Graças a Deus, depois foi recuperado e acabou reconsiderando e dando
esse Título.
Então,
a mesma coisa que falei para o Zé Pedro falo para ti Laurão: é o
reconhecimento, o resgate da tua qualidade, e mesmo ocupando um cargo difícil,
uma profissão difícil, nunca te afastaste dos teus princípios, nunca tomaste
nenhuma outra decisão que não fosse a decisão da tua consciência, a decisão do
teu dia-a-dia, a decisão de poder definir a situação e poder olhar olho no
olho, sem te envergonhares das tuas atitudes. Por isso, mereces esta homenagem
de Cidadão de Porto Alegre.
O
Macedão é outro caso de amor. Devo ao Macedão grande parte do que sou hoje,
profissionalmente. Lá em 79, ainda estudante de Jornalismo na Universidade
Católica de Pelotas, acabei virando correspondente da Caldas Júnior, em Pelotas.
Naquele mesmo ano, ainda iniciante - embora tenha a mesma idade do Macedo, já
era o Macedo em crescimento - o Macedo foi-me buscar em Pelotas para ser o
redator dele de esportes na Central do Interior da Caldas Júnior para
substituir o nosso Zé Odi. E dali o Macedo não parou de crescer e não parou de
me dar a mão para que eu pudesse crescer com ele. É por isso que eu digo
publicamente sempre: devo muito do que sou hoje ao Macedão.
Não
é por isso que o Macedão está recebendo esta homenagem; não é pelo fato de ser
meu primo que o Zé Pedro recebe esta homenagem e o Laurão meu amigo; é que o
Macedão é um dos jornalistas mais criativos deste Estado. O Macedão é um
jornalista que não se conforma, que não se contenta com o simples fato de
informar. Hoje, por exemplo, estava ouvindo o Programa Chamada Geral - programa
que ele apresenta na Gaúcha, além de ser repórter esportivo – e lá estava o
Macedão inovando: transmitindo da redação, ouvindo os editores, ouvindo os
pauteiros.
É
isso, na vida pessoal, Ivan Pinheiro Machado, e na vida profissional: não há
vácuo, é preciso sempre ocupar, é preciso avançar, é preciso arriscar. E os
nosso homenageados de hoje têm esse perfil. O Zé Pedro no seu segmento: já
comandou a TVE; é gremistão; seguidamente, a convite do Macedo, vai debater na
Rádio Gaúcha, no Sala de Domingo. Se o Grêmio perde, ele consegue empatar no
debate; às vezes, vence o jogo no debate.
Por
tudo isso, meus amigos, quero encerrar, deixando aqui um beijo no coração de
vocês, um beijo na alma de vocês. Não é o João Bosco Vaz que está homenageando,
não é a Casa de Porto Alegre, a Câmara, mas a cidade de Porto Alegre que busca
reconhecer, nesta homenagem, a qualidade pessoal e profissional de todos vocês.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
e falará em nome da Bancada do PMDB.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Inicialmente, queria cumprimentar o
Ver. João Bosco Vaz pela iniciativa. O Ver. João Bosco Vaz, competente
Vereador, que tem - dentro de todas as suas preocupações naturais com esta
Cidade - sempre um cuidado e um carinho em fazer com que nós possamos explicar
o sucesso do crescimento desta Cidade.
Se
nós olharmos o perfil e a história dos três homenageados, vamos constatar que o
João Lauro nasceu em Pelotas; o Macedo, em Esteio; o Zé Pedro, em Porto Alegre,
mas a sua família é de Bagé. Todos têm a origem do interior do Estado. Vieram
do interior em tempos diferentes, em ocasiões diversas, com as dificuldades
naturais de quem vem do interior e aqui chega. E conseguiram, João, chegando em
Porto Alegre, fazendo uma história pessoal em Porto Alegre, vencer com destaque
na cidade de Porto Alegre. E não é só o seu mérito pessoal, a sua vitória
individual, mas, através do sucesso individual, fizeram com que Porto Alegre
pudesse, cada vez mais, ser esta Cidade que, para nós, é muito encantadora.
Através do sucesso deles, Porto Alegre se compõe. Porto Alegre, cada vez mais,
cresce pelo sucesso.
Então,
por isso, Ver. João Bosco Vaz, faço questão de cumprimentar V. Ex.ª, porque V.
Ex.ª tem esse cuidado. Nós, legisladores, Vereadores desta Cidade, queremos
sempre que as coisas boas possam ser perpetuadas na cidade de Porto Alegre. Que
aquelas coisas que são, efetivamente, razões de sucesso devam ser homenageadas
por esta Câmara. E, às vezes, nos passa despercebida, Macedo, a justiça que nós
possamos fazer para figuras importantes desta Cidade, que são a razão do
sucesso da cidade de Porto Alegre.
A
composição de Porto Alegre, se analisarmos, vamos ver que a segurança é
extremamente importante, ela é historicamente importante; cada vez mais, todos
nós, a sociedade em si dá importância, valoriza e cada vez fica mais preocupada
com a questão da segurança.
O
João Lauro, a sua vida, a sua história pessoal, construiu e fez com que nós
tivéssemos sempre o acesso, sempre uma qualidade de vida melhor, através da
segurança pública.
A
vida do João Lauro na Polícia Federal, terminando como Superintendente da
Polícia Federal no Rio Grande, caracteriza que sempre a sua vida foi talhada
por isso. Nós valorizamos e cada vez mais nós ficamos preocupados, em Porto
Alegre, e sempre mais, temos essa angústia com a questão da segurança pública.
Veja
como é importante, João, e hoje, quando recebes o Título de Cidadão de Porto
Alegre, tenhas certeza disso: é a maior honraria desta Casa; há uma disputa
intensa no Plenário para que nós possamos homenagear; criteriosamente – como
disse o Ver. João Bosco Vaz – é feita essa disputa para que nós possamos
homenagear alguém que realmente represente esta Cidade.
O
Dr. Telmo é o maior exemplo disso, quando tem um Conselho de Cidadãos
Honorários em que, permanentemente, trabalham, debatem, discutem, participam da
vida desta Cidade.
Eu
tenho a convicção de que o João Lauro, quando vai fazer a reflexão natural da
sua vida - e deve estar agora passando pela sua retina a sua participação em
Porto Alegre, o seu crescimento aqui nesta Cidade -, deve estar, na sua
intimidade, contente. Um homem que veio de Pelotas, aqui chegou, venceu, ajudou
a construir esta Cidade.
Se
nós pensarmos em qualidade de vida para a nossa Cidade, vai estar,
evidentemente, acoplada a questão da comunicação, a questão da informação, da
agilidade, a questão do esporte.
E
quanto ao Macedão, meu querido amigo Antônio Carlos Macedo, como jornalista, às
vezes nós identificamos muito pela questão do esporte. Mas quero ver o outro
Macedo, o homem que tem uma preocupação, através da sua participação nos
programas da Rádio Gaúcha e, principalmente, na coluna do Diário Gaúcho; é um jornalista que tem sempre determinado um espaço
para a Câmara Municipal de Porto Alegre. Sempre lá, o Macedo critica - e essa é
a função dele -, opina - e esse é o dever dele -, mostra caminhos para nós,
Vereadores; critica ou opina sobre decisões da Câmara, porque o Macedo, meu
querido amigo Régis Heuler, tem a preocupação e quer - mesmo tendo vindo de
Esteio - uma Cidade melhor, quer uma Cidade mais justa, quer uma Cidade mais
equilibrada, quer uma Cidade com mais informação. Todos nós, em Porto Alegre,
queremos isso. E através desta relação permanente, Vereadores da Câmara
Municipal com imprensa, com jornalistas, como o Macedo, isso faz com que nós possamos
minimizar, às vezes, os nossos erros, os nossos não-acertos. Faz com que nós
possamos, através de idéias, através de opiniões, através de constatações de
pessoas que estão fora, determinar ou dirigir as nossas ações.
Nós
avançamos na questão da cultura, e aí temos que cumprimentar o José Pedro
Goulart, que consegue vencer numa área absolutamente difícil de vencer; a
questão do cinema, o cineasta, homem de produção. Sabe quanto foi difícil isso,
o reconhecimento que Porto Alegre, o Estado do Rio Grande do Sul tem. É
importante isso na formação desta Cidade: como Porto Alegre pode e foi
projetada para o Brasil, através das ações do José Pedro no cinema. Isso é
importante, é a valorização da nossa Cidade.
Eu
vejo aqui, João Lauro, os seus amigos da Salina, amigos do Grêmio, os amigos do
Anchieta, de todos os segmentos. Eu que convivi, com muito orgulho, quando
dirigente esportivo, com um profissional absolutamente exemplar, isento,
crítico onde deveria ser crítico, e digo com toda a tranqüilidade, Macedo,
talvez tenha sido o jornalista mais correto com o qual eu trabalhei, quando
fazíamos futebol, criticando quando tinha de criticar, independentemente da
relação amistosa e amigável com o dirigente, elogiando quando devia elogiar, e
sempre gozando do conceito da isenção. Isso é uma marca tua.
Há
pouco tempo criticava, e com razão, do teu ponto de vista divergente do meu,
sobre os pardais em Porto Alegre, e
eu dizia para o Bosco: “Mas, olha, o Alemão tem razão. Eu respeito o
Alemão, porque essa é a posição dele, quando ele faz uma crítica à atuação do
Vereador em relação aos pardais é o
pensamento dele. Historicamente o Macedo sempre se posicionou dessa maneira.” A
isenção é importante, mesmo quando ela não é favorável a nós e nos podemos
reconhecer.
Queria registrar, Ver. João Bosco Vaz, cumprimentar V. Ex.ª pela felicidade das três justas homenagens, e dizer que Porto Alegre realmente cresce e ganha muito com isso. Divirjo, talvez, quando V. Ex.ª insinua que os três homenageados são gremistas; eu conheço dois, tenho a certeza de que não são 100% do Grêmio. Cumprimento a todos, em especial o Ver. João Bosco Vaz. Porto Alegre, Ver. Reginaldo Pujol, esta Cidade que V. Ex.ª tanto ama, sem dúvida alguma, ganha, e muito, com a homenagem, hoje, que esta Câmara proporciona. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra e falará em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) A imprensa noticiou, ontem e hoje,
a triste notícia, para nós, de que Porto Alegre foi indicada pela UNESCO como a
Capital brasileira em que há maior freqüência no consumo de drogas ilícitas,
entre alunos de treze a vinte e quatro anos.
Confirmou-se, desse modo, a pesquisa realizada em 2001 e que já fora motivo de denúncia, a partir desta tribuna, sobre o lamentável estado da situação de envolvimento da juventude com as drogas em Porto Alegre.
Não temos condições de saber quais são todas as causas de termos chegado a esse ponto.
Mas quero referir-me a uma delas, especialmente, para reafirmar o valor das homenagens que hoje aqui estamos fazendo.
Uma das causas dos desencontros da juventude, não só no que diz respeito às drogas, mas também quanto aos valores maiores da sociedade, é certamente a ausência de modelos adequados para sua vida. Não é a única, é claro, mas seguramente uma das mais importantes.
Faltam pessoas que sirvam aos jovens de hoje como exemplos a serem seguidos.
Faltam pessoas que dêem testemunho de observação e respeito aos valores maiores da sociedade.
Faltam pessoas que inspirem condutas, baseadas em seus próprios caracteres, plasmados na solidariedade cristã.
Vejamos, então, nossos três homenageados, cada um em seu respectivo campo de atividade.
João Lauro Noguez, administrador, advogado, Delegado da Polícia Federal, um destacado profissional da segurança pública de experiência nacional.
Antonio Carlos Macedo, jornalista de muitos méritos, repórter internacional.
José Pedro Goulart, publicitário, cineasta e diretor de cinema, tantas vezes premiado.
Todos homens de grande responsabilidade pessoal e profissional, que construíram suas vidas e suas carreiras à custa de muita força de vontade e alicerçadas no apego à realização das coisas bem feitas, construtivas, próximas de um ideal sempre almejado, embora de difícil conquista.
A homenagem que hoje prestamos ao Sr. João Lauro Gomes Noguez, outorgando-lhe o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, ao jornalista Antônio Carlos Macedo, concedendo-lhe o Troféu Destaque Mário Quintana e ao cineasta José Pedro Goulart, entregando-lhe o Prêmio de Cinema Abelin, todos por proposta do inteligente Vereador João Bosco Vaz, transcende à idéia pura e simples da distinção por seus reconhecidos méritos. Tem ela o sentido maior de apontar seus exemplos de dedicação ao trabalho, de denodo, de perseverança e de esforço na busca do alcance de seus próprios e respectivos objetivos de vida.
Vem ela carregada do incentivo à responsabilidade pessoal e social e impregnada do espírito de luta contra as adversidades e os descaminhos que a vida tantas vezes propõe, especialmente nos primeiros e mais difíceis anos de nossa existência autônoma.
E é também um repto aos homenageados, no sentido de que se mantenham incorporados à grande legião dos querem a reconstrução do mundo, a partir de nossa cidade, a partir de uma visão solidarista e cristã, na busca de realização do bem comum.
Que Deus abençoe a todos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Após os pronunciamentos do proponente
desta Sessão Solene, Ver. João Bosco Vaz; do eminente ex-Presidente da Casa,
Ver. Luiz Fernando Záchia; do 1.º Secretário da Casa, Ver. João Carlos Nedel, é
com muita satisfação que anuncio a presença, nesta Mesa, a nosso convite, para
fazer a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João
Lauro Gomes Noguez, do destacado Vereador desta Cidade, Ver. João Bosco Vaz.
(Procede-se
à entrega do Título.)
Solicito
ao Ver. João Bosco Vaz que permaneça conosco, porque vamos convidar também o
Jornalista Antônio Carlos Macedo para receber o Troféu Mário Quintana, que lhe
foi outorgado por decisão desta Casa.
(Procede-se
à entrega do Troféu.)
Convidamos
o Cineasta José Pedro Goulart a receber, das mãos do Ver. João Bosco Vaz, o
Prêmio de Cinema Eduardo Abelin.
(Procede-se
à entrega do Prêmio.)
Procedida
a solenidade de entrega dos Troféus, Diplomas e Medalhas respectivas, cabe-me a
honrosa missão de anunciar o primeiro pronunciamento do mais novo Cidadão de
Porto Alegre. Faço isso com muito orgulho, com muita satisfação. Já disse que
sou suspeito para falar sobre esta matéria, dados os vínculos de relação
pessoal que me unem ao meu companheiro de Conselho do Grêmio Foot-Ball Porto
Alegrense, e a quem o Ver. João Bosco Vaz, com tanta felicidade, pinçou para
engrandecer a nossa já grandiosa galeria de Cidadãos Honorários de Porto
Alegre.
O
Sr. João Lauro Gomes Noguez, nosso homenageado, está com a palavra.
O SR. JOÃO LAURO GOMES NOGUEZ: Ver. Reginaldo Pujol, presidindo esta
Sessão; Sr. Antônio Carlos Macedo e Sr. José Pedro Goulart, confrades
homenageados; Sr. Wilson Martins, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto
Alegre; Dr. Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de
Porto Alegre; Ver. João Bosco Vaz; Ver. Fernando Záchia; Srs. Vereadores; Sr.
Superintende da Polícia Federal; demais autoridades; minhas senhoras e meus
senhores, com a pesquisa de uma velha tia, descobriu-se que o nosso bisavô
espanhol foi um colonizador da Ilha das Canárias. Os Noguez vieram para a
Argentina e para a região onde hoje se situa Pinheiro Machado. Ali perto, a
família Beschi, do norte da Itália, em Piratini se juntava aos Gomes, que já
andavam tropeando gado gordo aqui há mais de cem anos. Meus queridos pais, João
Amálio e Maria Josefina casaram-se em Cerrito e fixaram residência em Pelotas -
durante uma década e meia -, fonte das minhas reminiscências da infância, no
Laranjal, nos Escoteiros, no Clube Comercial e nos jogos de bola, bolita e
botão de mesa com aqueles primeiros amigos, entre os quais o Jornalista
Fernando Antonio Lemos Goulart, que, daqui, estou saudando.
Foi
no alvorecer dos anos 60 que esta “mui leal e valerosa” Porto Alegre me
acolheu. Com tão gentil homenagem, com este Título tão envaidecedor, Sr.
Presidente e Sr. Ver. João Bosco Vaz, só agora foi que eu descobri, através de
seus mais legítimos representantes, que Porto Alegre sabe que eu existo na
minha insignificância.
Na
verdade, o amor que eu tenho por esta terra nem precisava ser correspondido.
Desde o tempo da Ramiro Barcelos, da Pracinha Júlio Bozzano, aprendi a gostar
desta Cidade, gratuitamente, porque ela me deu muito mais do que eu a ela. A
Porto Alegre do Bar do Salim me viu dar os primeiros passos do Colégio Inácio
Montanha para as reuniões-dançantes, do Júlio de Castilhos para os primeiros
namoros apaixonados e para o despertar da cidadania no meio daquela noite de
tirania, dos bancos universitários, para colaborar com entidades que precisam
de muito mais do que as migalhas que posso oferecer.
Uma
ordem maior, justa e perfeita me guiou entre os labirintos da vaidade, da
intolerância e da injustiça, cabresteando-me com a mão universal da
fraternidade. Das tertúlias nativistas aos embalos de sábado à noite, percorri
campos de várzea e bibliotecas com a mesma desenvoltura, nesta Cidade sempre
viva, resumida nesta Casa de porta-vozes dos anseios e das angústias de nossos
concidadãos.
Conto
com a verticalização partidária para alertar V. Ex.ªs sobre a
temeridade de darmos guarida a projetos em tramitação no Congresso Nacional
tendentes a descriminalizar o uso de drogas leves, em especial a maconha. A
influência dos senhores junto aos nossos Deputados e Senadores será fundamental
para que se dirimam algumas dúvidas suscitadas por interesses nem sempre
confessáveis. Primeiro, porque a legislação brasileira já contempla
diferenciações, tanto na duração como no modo de cumprimento da pena - é só ler
a atual Lei de Entorpecentes. Segundo, porque é o uso da maconha que encoraja e
estimula atos de violência - assaltos, seqüestros, estupros -, especialmente
entre os mais jovens e os mais pobres. É sob o efeito da maconha que se dirige
um veículo, ou se porta uma arma, acometido de confusão mental que mistura
passado e presente, realidade e virtualidade, euforia extrema e depressão
profunda, pondo em risco a própria vida e a dos outros.
Finalmente,
enquanto não revogarmos a lei da oferta e da procura, a liberalidade de
consumir multiplicará o fornecimento pelo crime organizado. É o mesmo que
decretarmos que a receptação não é mais crime punível. Será que iria diminuir
ou aumentar a demanda de roubos e furtos? Um mercado cativo, crescente e sem
restrições é o que estaríamos gerando com a aprovação de tais projetos. Isentar
de culpa quem potencializa a periculosidade é abrir um perigoso flanco no
ordenamento substantivo penal.
Exercemos
por três décadas a função de operador do Direito, servindo ao Estado Brasileiro
e não a eventuais governantes do momento, imunes a pressões econômicas ou as da
“mosca azul”. Por isso estamos à vontade para criticar as políticas de
segurança em todas as esferas e afirmar com todas as letras que segurança sai
caro, que é muito dispendiosa. Se um país como o nosso, a médio prazo, não
consegue - realmente não consegue - debelar a má distribuição de renda, a falta
de saúde, educação e emprego, pelo menos que direcione seus esforços e seus
cofres para combater os efeitos da injustiça social, propulsora da
criminalidade. Efetivos maiores, preparo intelectual, aparelhamento de ponta,
remuneração atrativa, e uma cruzada implacável contra a corrupção que se aloja
em bandas podres da polícia, do Ministério Público e do Judiciário, são soluções
que exigem pesados investimentos. Paliativos baratos e discursos teóricos não
iludem mais ninguém, pois a vida é um bem muito valioso e a liberdade de viver
em paz não pode ser mera utopia acadêmica. Os ocupantes de cargos públicos de
alta relevância devem-se despir dos bonés de arruaceiros e invasores de
propriedades e vestirem o sóbrio chapéu da imparcialidade, da eqüidade e do
respeito aos direitos fundamentais.
Diz
a canção que “Porto Alegre é demais”, e Porto Alegre é demais! Sob o pôr-do-sol
do Guaíba e o pala grande do Laçador desfilam em suas passarelas arborizadas os
companheiros da lida jurídica, do Colégio Anchieta, do Bom Fim, da Sogipa, das
praças esportivas e, especialmente, da Polícia Federal, razão maior deste
Título Honorário cujos méritos reparto com os dignos colegas que fazem a
Superintendência do Rio Grande do Sul, que chefiei nos últimos quatro anos com
sucesso só alcançado graças a um contingente humano que alia honradez e
competência. A Polícia Federal é um orgulho nacional muito mais pelas virtudes
dos seus quadros e muito menos pelos meios de que dispõe para cumprir suas
atribuições constitucionais.
Abro
um parêntese para relembrar que naquele prédio, naquele único prédio do
Congresso Nacional, naquele único edifício trabalham treze mil e quinhentos
funcionários. A Polícia Federal tem prédios em todas capitais, em todas as
grandes cidades do interior do País, em todas as principais cidades das
fronteiras, em todos os portos e aeroportos, e conta com sete mil e quinhentos
servidores.
Minhas
desculpas à Lenita, minha mulher maravilhosa, e aos meus filhos, Pedro e
Camila, parceiros de andanças por São Paulo, Jaguarão, Fortaleza e Brasília.
Desculpem-me por ter rejeitado convites para vôos mais altos na Capital do País
ou naquela Embaixada que todo mundo queria ir, mas acontece que “Porto Alegre é
demais!”; é aqui que estão meus queridos irmãos, meus amigos e minhas paixões
por este Porto de todos, por esse seu povo hospitaleiro formado por gaúchos de
todas as querências, credos e raças; gaúchos de todas as cores, que como se
sabe são sintetizadas pelas três cores mais importantes do mundo: o preto, o
branco e o azul de um Grêmio que é porto-alegrense como todos nós. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Neste momento, convidamos o nosso
homenageado, Jornalista Antônio Carlos Macedo para fazer uso da palavra.
O SR. ANTÔNIO CARLOS MACEDO: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Quem me ouve falando na Rádio Gaúcha, diariamente, eu dizendo muita coisa que,
às vezes, as pessoas nem imaginam que um jornalista possa dizer, pensam: “Puxa
vida, esse camarada não tem papas na língua e sai por aí falando o que pensa e
acha que tem de falar.” É verdade, mas vocês não sabem a dificuldade que eu
tenho, por exemplo, de manifestar-me publicamente. É uma fobia social que me
persegue desde os tempos de colégio e que me coloca sempre frente ao público
numa dificuldade de expressar o que na frente de um microfone eu expresso com
muita naturalidade e tranqüilidade.
Mas
aproveito este espaço para dizer em meu nome - e peço a permissão dos colegas
homenageados - que se estamos aqui sendo homenageados pelo valor do trabalho
que desempenhamos, cada um na sua área de atuação, é importante dizer que
ninguém chegou onde chegou apenas pelo valor do seu trabalho, pelo esforço
individual, pelo que fez como cidadão e como profissional. Por trás de cada um
de nós tem pessoas que foram decisivas e fundamentais e que são fundamentais
para que exerçamos o trabalho que exercemos e para que cheguemos a um razoável
grau de sucesso. Por isso quero aproveitar este espaço aqui para agradecimentos
que irão remontar trinta ou quarenta anos atrás, aos meus pais, Adão e Ilse
Macedo, lá de Esteio, que tiveram a clarividência de romper com um círculo
vicioso existente onde morávamos, em que o filho homem chegava ao fim do
primário, no máximo no final do ginásio, largava os estudos e ia trabalhar,
virar operário. Meu pai e minha mãe, com toda a dificuldade que tiveram,
fizeram com que eu estudasse, até às vezes a contragosto, mas que eu estudasse.
Meu
agradecimento também à escola pública, tão desvalorizada hoje e tão
desacreditada, mas foi graças a ela - meus pais não tinham dinheiro para pagar
colégio particular e nem era moda na época - que, do jardim de infância à
universidade, eu consegui a formação que me permite estar aqui. Em particular,
um agradecimento ao Colégio José Loureiro da Silva, de Esteio, que foi fundamental
na minha formação.
Esses
agradecimentos seguem adiante aos amigos - eu vejo aqui o meu amigo Cláudio -,
que foram fundamentais exatamente nesse processo, ou seja, ajudando a gente a
tomar corpo como pessoa, como homem, como cidadão, como adulto e a romper com
esse processo da timidez. Essas pessoas também ajudaram no meu crescimento
profissional e eu acredito que os senhores, os homenageados, também tiveram
pessoas que foram decisivas e fundamentais nesse processo.
Eu
preciso agradecer também aos colegas jornalistas que, desde 1974, souberam me
receber, me transferiram o seu conhecimento, sua experiência, a começar pelo
ex-Governador Antonio Britto, que foi meu primeiro chefe, passando a colegas
como Régis Zoer, que, há dezoito anos, abriu os braços para me receber num
momento complicado, num momento difícil, pois a empresa que eu trabalhava foi à
falência e eles me receberam na Rádio Gaúcha.
Eu
tenho que agradecer aos veículos, às empresas que me receberam nesse período
todo e que me proporcionaram a chance de crescer como jornalista: dez anos de
Caldas Júnior, que fizeram dos jornais, Correio
do Povo, da Central do Interior e da Rádio Guaíba a minha segunda casa.
Hoje, a Rádio Gaúcha, a RBS, que há dezoito anos é a minha “nova segunda casa”.
Evidentemente
que esses agradecimentos têm que passar pela minha família, aqui representada
pela Cristina, minha esposa, pelos meus filhos, que não estão aqui, Rafael,
Guilherme e Bibiana, pelo apoio, compreensão nos momentos de dificuldade da
profissão, mas, principalmente, nas ausências, pois os amigos devem saber que
nós, em função do esporte, viajamos muito; só na última Copa do Mundo, por
exemplo, foram mais de quarenta dias do outro lado do mundo, tendo contato
apenas por telefone com a família.
Por
fim, o agradecimento que eu tenho que fazer a esta Casa, aos Srs. Vereadores
pela generosidade de ter recebido meu nome e de entender que meu nome é
merecedor deste Prêmio, que, por sinal, leva o nome de um colega nosso, meu, do
Bosco, de um dos Vereadores agora eleito Vice-Governador, que também trabalhou
com ele, o nosso queridíssimo e saudoso poeta, Mário Quintana.
Meu
agradecimento final e meu abraço ao Bosco, que eu pude e tive a honra de ter
colaborado com o seu crescimento profissional, dando a primeira oportunidade,
vindo lá do interior; tenho nele, hoje, um grande amigo, e mais do que isso,
vejo no Bosco sempre e em todas as ocasiões uma preocupação de honrar os
amigos, de manter os amigos e de agradecer aos amigos, o que nem sempre
acontece, quando as pessoas acabam crescendo e se destacando. Mas o Bosco
continua sempre o mesmo e procura, acima de tudo, prezar, homenagear e
respeitar os amigos.
Então,
em nome pessoal e em nome, acredito, dos meus colegas homenageados aqui,
agradeço a todas essas pessoas e, principalmente aos senhores, pela
generosidade, repito, de terem considerado o meu nome como merecedor deste
Título importante. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): É com satisfação que eu concedo, agora, a
palavra ao homenageado com o Prêmio de Cinema Eduardo Abelin, o Cineasta José
Pedro Goulart.
O SR. JOSÉ PEDRO GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Senhores homenageados desta Sessão,
Sr. João Lauro, Macedão, parabéns! Meus amigos, parodiando o Mário Quintana,
que dá nome ao teu merecido Prêmio, Macedo, que dizia que “preferia ser vítima
de um atentado do que de uma homenagem”, eu confesso que não trouxe nem a
gravata - que é emprestada do Ver. Raul Carrion, ao qual agradeço também. E
estava tentando, Bosco, talvez não tenha me ligado direito na sensação que eu
ia sentir aqui; acho que a gente tem uma vida tão atribulada, tão plugada em
auto-energia, que perde a noção de algumas coisas. E eu senti um baita de um
orgulho de ter sido “vítima” desta tua homenagem e da homenagem desta Casa,
desta Casa democrática, desta Casa da nossa Cidade.
Tu
faltaste um pouquinho com a verdade, quando tu disseste que nós crescemos
juntos; tu cresceste muito antes do que eu! Mas eu te agradeço, de qualquer
forma, as palavras amorosas, especialmente as palavras que tu dedicaste aos
meus pais, à minha irmã, aos meus sobrinhos, ao meu cunhado, à minha família, e
quero dizer que isso é uma coisa inesquecível para mim.
Meus
amigos da Zepelin, meus sócios.
É difícil segurar a emoção
quando a gente vê, sem efeitos de luz, como estamos acostumados, vendo sem uma
iluminação que faça com que as coisas tenham toda aquela glamourização, nós
vemos cada um de vocês nos olhando e sentimos orgulho da presença de vocês
aqui: Aninha, Ângela, Eliana - eu não posso citar todo o mundo -, a Nete, o
Ricardo, o Gringo, meus sócios; Flavinho, meu assistente querido; Frederico,
Duda, Bira, Rodrigo, Edmundo; agora vou citar todos - o Fran, a Edi, a Marcinha,
a Marli, o Baioto e o Ivã - que saiu mais cedo, mas estava aqui também.
Eu
acho que numa cidade que demonstra o amor que Porto Alegre demonstra por
cinema, Bosco, não é à toa que Eduardo Abelin é um dos precursores do cinema no
Brasil e no mundo, e que dá o nome deste Prêmio, o qual eu me orgulho muito em
ganhar.
Porto
Alegre tem sido, durante muitos anos, um centro difusor de produção
cinematográfica, com uma força notada em várias partes do Planeta, não só no
Brasil. Existem mostra de filmes da nossa Cidade, filmes feitos por pessoas que
fazem o cinema daqui, e em muitos lugares importantes ao redor do mundo. Isso
dignifica o que a gente faz e valoriza muito a importância de um Prêmio como
este. Isso faz com que a gente deseje e ache importante se expressar dessa
forma.
Cinema,
certamente, é um processo de evolução democrática, inevitavelmente. Não é
possível se estabelecer uma linguagem cinematográfica sem pensar dessa forma,
sem pensar na importância que isso traz, pois é difícil se imaginar, pelo menos
por enquanto, pelo menos por agora, que se possa fazer do cinema uma atividade
rentável. As pessoas que fazem cinema o fazem como um dia nasceu qualquer
processo de arte, qualquer processo de comunicação: fazem de uma maneira
apaixonada; fazem de uma maneira candente e fazem isso com superação.
Quando
se ganha um Prêmio destes, é necessário que se divida este Prêmio com todas as
pessoas que fazem isso, que dedicam horas e horas do seu tempo, fim-de-semana,
férias, tentando fazer com que aquele processo de desconhecimento para nós -
porque, infelizmente, não temos escolas de cinema por aqui, um processo de
aprendizado praticamente autodidata - se dê, se transforme naquilo que depois
deve ser a mágica, naquilo que vai para a tela e que faz com que as pessoas se
seduzam da maneira como se seduzem pelo cinema.
Conheci,
durante esse tempo todo, muitas pessoas apaixonadas por isso, pessoas que não
sabiam direito como aquele processo se dava, como era a natureza daquilo, tendo
que aprender de uma maneira até muitas vezes inevitável, fazendo com que a
coisa aconteça, depois olhado a surpresa de quem fazia, olhando a surpresa de
quem via como aquilo funcionava.
Eu
espero que eu possa vir outras vezes aqui, nesta Casa, aplaudir outros
cineastas merecedores deste Prêmio importante, que eu quero dedicar a todos
vocês que estão aqui, e dedicar, especialmente à cidade de Porto Alegre, esse
Prêmio tão importante para mim. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Após ouvirmos os nossos três homenageados
e nos encaminharmos para os atos finais desta Sessão Solene, eu quero somar a
minha satisfação pessoal em estar circunstancialmente, no dia de hoje,
presidindo os trabalhos e poder ter o privilégio de conduzir os trabalhos desta
memorável Sessão Solene que a Câmara Municipal realiza para que se proceda à
entrega dos Diplomas, dos Troféus, das Medalhas a que fizeram jus esses três
ilustres cidadãos que tão dignamente foram homenageados com justiça pela
iniciativa do Ver. João Bosco Vaz.
Aliás,
Vereador, se V. Ex.ª me permite, quebrando um pouco a formalidade da reunião,
eu diria que se alguém menos avisado passasse hoje aqui pela Casa, diria
simplesmente o seguinte: “Pois é, o Goulart se juntou com o Dorival, e encarou
a guarda; a Polícia Federal foi chamada para ver o que havia e o Macedão não
teve dúvida: divulgou na Rádio Gaúcha.” (Palmas.)
A
todos os senhores que nos dão a alegria da presença, quero agradecer, já que
esta Sessão não atingiria os seus objetivos se não houvesse tão ilustres
pessoas aqui presentes, familiares dos nossos homenageados, pessoas que
compartilharam com as suas atividades profissionais, que compartilham das suas
atividades profissionais e que convivem com eles, nas situações mais
diversificadas de suas vidas. Eu sei que a totalidade dos presentes se sente de
alguma forma homenageada, nesta tarde, por haver participado ou da vida do
Lauro ou da vida do Macedo ou da vida do Goulart. Eu, pessoalmente, tive a
honra muito grande de ter conduzido os trabalhos nesta Sessão magnífica que vai
ficar seguramente marcada na história deste Legislativo.
Neste
momento convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino
Rio-Grandense.
(Ouve-se
o Hino Rio-Grandense.)
Agradecendo
a presença de todos, especialmente do representante do Sr. Prefeito Municipal,
nosso colega Wilson Martins; ao Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários
de Porto Alegre, Dr. Telmo Kruse; cumprimentando mais uma vez a João Lauro
Gomes Noguez, Antonio Carlos Macedo e a José Pedro Goulart, eu declaro
encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene. Muito obrigado pela presença
de todos.
(Encerra-se
a Sessão às 20h23min.)
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